10 filmes brasileiros para sentir orgulho do cinema nacional

Escrito por Jonara Cordova

O cinema nacional está cheio de obras incríveis, sensíveis e que ilustram a realidade do nosso povo. Apesar das produções hollywoodianas estarem sempre em foco nos nossos cinemas, os filmes brasileiros também merecem visibilidade e prestígio.

Se você tem algum tipo de preconceito com produções brasileiras, sugerimos que dê uma chance e se permita conhecer melhor as nossas obras. Então, fizemos uma lista com 10 filmes brasileiros que vão deixar você com orgulho do nosso cinema! Confira:

1. Aquarius (2016)

Esse filme conta a história de uma jornalista de 65 anos (Sonia Braga) que vive no Recife e mora no apartamento onde passou boa parte da sua vida e criou seus três filhos. Quando uma construtora quer demolir o prédio para fazer outro mais moderno, compra todos os apartamentos, exceto o dela, se inicia uma série de abusos e ameaças para que a moradora vá embora.

“Aquarius” vai muito além da história de um imóvel. É um dos filmes brasileiros que faz uma reflexão sobre a resistência. Uma mulher que não quer trocar suas memórias pela novidade superficial, para enriquecer uma construtora gananciosa. É muito legal ver os momentos de flashback que explicam a essência da personagem. Além disso, nas cenas que retratam o momento atual, se evidencia que ela é uma mulher idosa independente, que ainda tem desejos sexuais e forças para lutar pelas suas causas.

2. Que horas ela volta (2015)

Nesta história, a pernambucana Val (Regina Casé) é empregada doméstica em São Paulo e vive na casa dos seus patrões há uma década. Ela é tida como “quase da família”, mas essa relação é totalmente questionada quando Jéssica (sua filha) vai para a cidade prestar vestibular e fica na casa onde Val trabalha.

“Que horas ela volta” é uma crítica social que mostra o quanto ainda são naturalizados trabalhos que exploram pessoas e as tiram do seu círculo familiar. Val acredita que aquele é seu lugar, sem perceber os abusos. A ruptura se dá pela ousadia de Jéssica, que subverte os costumes, ocupando espaços que até então não pertenciam à pessoas da sua classe social. Essa produção ganhou vários prêmios e é um dos poucos filmes brasileiros dirigidos por mulheres.

3. Minha mãe é uma peça (2013)

Esse filme se originou de uma apresentação de teatro. Na história de humor, o ator Paulo Gustavo interpreta dona Hermínia, uma mulher de meia idade, divorciada, que está sempre gritando pela casa. Ela vive na cola dos seus filhos, que apesar da imaturidade, já são bem grandinhos.

Com certeza, a maior graça do filme está na interpretação dessa mãe, que não tem papas na língua e incorpora um pouco (ou muito) da mãe de todo mundo. Você vai rir muito e pode até se emocionar, porque no fundo, a loucura da dona Hermínia é por puro amor pelos seus filhos. Além disso, o filme tem uma continuação tão boa quanto o primeiro. Vale a pena convidar sua mãe e assistir aos dois!

4. O som ao redor (2012)

Esse filme é dirigido por Kleber Mendonça Filho, assim como Aquarius. Quem gostou de um, tem boas chances de gostar do outro. A história se passa também em Recife, mas conta sobre uma milícia que ocorre em um bairro de classe média. Para uns, ela transmite segurança, já outros se sentem muito mais tensos com a situação.

“O som ao redor”, como sugere o título, dá uma grande importância aos efeitos sonoros, que mostram a realidade daquele local, mais até do que as próprias falas. É interessante assistir esse filme com uma atenção especial, para conseguir absorver todas as suas metáforas e nuances.

5. Tatuagem (2013)

A ditadura militar é o contexto em que acontece essa história, que se passa em 1978, no Recife (sim, tem muita coisa no cinema de lá). O grupo teatral Chão de Estrelas fazia apresentações bastante subversivas para o momento que o país passava na época. Então, um militar acaba gostando das apresentações artísticas, além de se envolver romanticamente com o líder do grupo.

No meio da repressão toda, a trupe teatral é um símbolo de resistência. Você vai se surpreender com a ousadia e beleza das apresentações, que destróem tabus e moralismos sem dó. Pra quem gosta de humor sarcástico e crítico, será uma ótima experiência. Além disso, é interessante acompanhar esse personagem militar, que por baixo da farda e do treinamento repressor, também é humano.

6. Cidade de Deus (2002)

Buscapé é um garoto que vive em uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro, a Cidade de Deus. Desafiando a “regra”, ele não vira um criminoso e consegue se tornar fotógrafo, registrando a realidade de onde vive. Se você tem problemas em assistir cenas violentas, pode ser difícil digerir esse filme. Mas já adiantamos que a brutalidade toda é justificada, afinal, é um filme baseado na história real da Cidade de Deus.

O filme é dividido em três fases, que se passam em épocas diferentes, iniciando no começo dos anos 60 e terminando no fim da década de 1970. Algo que trouxe muita verdade para o filme é que a maior parte dos atores eram garotos que viviam em favelas e nunca tinham trabalhado com cinema. Eles foram selecionados conforme a desenvoltura e fizeram um curso, antes de começarem as gravações. “Cidade de Deus” é aclamado internacionalmente e chegou a ser indicado ao Oscar em quatro categorias.

7. Central do Brasil (1998)

Dora (Fernanda Montenegro) trabalhava escrevendo cartas para analfabetos na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Então, a mãe de um menino morre atropelada e ela se sente obrigada a ajudá-lo a encontrar seu pai, que vive no interior do Nordeste.

A escrivã é uma pessoa amargurada pela vida difícil, mas acaba amolecendo com a história do garoto e por se identificar com ele. É bastante comovente ver a relação dos dois se construindo de forma natural, aos poucos, até se tornar algo realmente forte. Esse é um dos filmes brasileiros mais consagrados. Com ele, Fernanda Montenegro foi a primeira atriz latinoamericana a ser indicada ao Oscar.

8. O Auto da Compadecida (2000)

Sabe aquelas histórias improváveis e engraçadas que só a literatura de cordel consegue ter? O “Auto da Compadecida” é uma junção de vários contos desses. O filme é uma adaptação da obra de Ariano Suassuna e conta as histórias dos nordestinos João Grilo e Chicó, no sertão da Paraíba.

Se você gosta de comédia, vale muito a pena assistir a esse filme, que é bastante consagrado e trata sobre o cangaço com muito humor e aventura. Até o juízo final é retratado nessa história, com direito a participação de Deus, do Diabo e da Nossa Senhora.

9. Bicho de sete cabeças (2000)

Neto (Rodrigo Santoro) é um jovem que não se dá bem com seu pai. Então ele é pego com um cigarro de maconha e o pai interna o filho em um manicômio. Lá, Neto é agredido e obrigado a tomar remédios sem ser realmente examinado, sofrendo uma série de abusos psicológicos.

O filme mostra a realidade dos manicômios e questiona o que é loucura. Fugir da normalidade esperada pela sociedade é sinal de doença psiquiátrica? A história é pesada, porém muito importante. Com certeza, vai fazer você refletir!

10. Elena (2012)

“Elena” é mais um dos filmes brasileiros incríveis dirigidos por mulheres. No documentário, Petra Costa narra a história de Elena, sua irmã mais velha. A jovem, que tinha o sonho de ser atriz de cinema, foi viver em Nova York e acabou tendo uma depressão muito forte e cometendo suicídio. Mais tarde, Petra, que também se torna atriz, decide ir para Nova York reconstruir a história da sua irmã.

O filme é bastante forte e poético, porque retrata a perda e a tristeza com muita verdade. Petra utilizou diários da sua irmã e diversos vídeos dela para conseguir contar essa história. Além disso, ter ido para Nova York e passado pelos lugares onde a irmã passou fez com que ela conseguisse dar uma perspectiva sua sobre a experiência de Elena.

E aí, o que achou da lista? Sugerimos filmes brasileiros de diferentes gêneros, regiões e épocas para que você conheça um pouco de cada obra. Agora, aproveite para experimentar as diferentes histórias construídas e narradas no nosso país!